sexta-feira, 16 de junho de 2017

METAMORFOSE - Possibilidade ou Necessidade?


Na contemporaneidade as funções sociais são multifacetadas, provocando em cada sujeito a necessidade de conquista de um repertório de práticas sociais diversificadas, todavia não podendo fugir da responsabilidade dos princípios que causam, alteram, disciplinam ou norteiam o comportamento humano. E com isso refletindo, sobretudo o respeito da essência das normas, valores, preceitos e exortações contemporâneas da sociedade.

Devido a essa nova forma de viver, (cheia de pressões) as patologias aparecem de maneira modificada, as novas vivências dão procedência a novos jeitos de adoecer. Com o crescimento exponencial da disseminação da cultura através do acesso a tecnologia, faz com que também a mutação dos sofrimentos humanos ocorra em larga escala, pois as mudanças estão cada dia mais velozes, transformando a maneira que o Homem interage com o seu mundo interno e externo.

As maneiras de viver na sociedade recente necessitariam (mas não conseguem) trazer um sentindo de possibilidades para o desenvolvimento da individualidade que verdadeiramente certificasse o sujeito ao ingresso no desenvolvimento desde a tenra idade. Este modo poderia conseguir abranger a percepção de si, como separado do outro, como um ser finito e essencialmente só, desprovido da companhia do semelhante, cuja solidão pode ser percebida efemeramente, no encontro subjetivo com o outro. A cada dia aumenta a impressão de que poucos conseguem se envolverem satisfatoriamente com o outro, segundo as fórmulas de felicidade vendidas pelo pensamento capitalista. Com isso aumenta a quantidade de sujeitos que permanecem em estado de duradoura necessidade de apoio.

Apesar de muito se alardear que os avanços do homem o leve a felicidade, o que vemos na prática é na verdade a mutação dos sofrimentos, embotando com isso o projeto de conquista de um permanente estado de não sofrimento.

Elisabeth Roudinesco, reconhecida intelectual na área da história e da psicanálise, pontua que a sociedade contemporânea é basicamente depressiva, as pessoas buscam acolhimento para lidar com o que ela denomina vazio do desejo.

Ocorre o aumento da doidice da vida pós-moderna cheia de nuanças alienantes que retiram do sujeito a sua capacidade de individuação. As paixões exasperadas, baseadas na passional busca ascendente pelo prazer a qualquer custo, causando com isso a falta de um real sentido para a existência humana na Terra, pois sempre há algo a conquistar, uma busca sem fim que deixa sempre o saldo da insatisfação.

Então a indústria farmacêutica é estimulada a tentar produzir o elixir da longa vida através de um crescente boom do modelo psicofarmacológico para a solução dos diversos tipos de angústias que os indivíduos sofrem. Então uma possibilidade de enfrentamento desta fragmentação é a valorização do encontro. Falo do encontro com o outro humano e do encontro consigo mesmo.

É urgente o estabelecimento de uma cultura do encontro. Apesar da grande maioria da humanidade viver nos grandes agrupamentos humanos, ocorre a solidão no meio da multidão, fazendo-se necessário o ressignificar da vida com a sua tremenda quantidade de possibilidades a disposição a quem quer experimentar os vários tons desta paleta multicolorida.

A Importância de uma expressiva ação de desenvolvimento mental consegue o fortalecimento do eu-interior para encarar os reveses naturais da vida, possibilitando a experimentação das sensações das liberdades ocultas, da inventividade, da libertação dos prazeres e lazeres.


AGUINALDO CARVALHO

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