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domingo, 6 de outubro de 2013

EM PRESIDENTE VENCESLAU- Maria Isabel é como um espelho para mulheres em tratamento do câncer

Neste ‘Outubro Rosa’, o iFronteira conta a história de uma guerreira que viu em sua superação à doença um estímulo para ajudar as pessoas


Escrito por Heloise Hamada/ Do Ifronteira

Maria Isabel com a irmã e a neta enquanto ainda estava em tratamento contra o câncer de mama (Foto: Arquivo pessoal)



Maria Isabel Nunes nasceu em 1954. Era um outubro como este: Rosa. Mesmo com uma vida nem sempre tão cheia de arco-íris, ela nunca deixou seu dia a dia descolorido. Com provações ao longo desses quase 59 anos, ela superou um câncer de mama e ainda começou uma rede de solidariedade para ajudar outras mulheres a encontrarem forças para continuar a viver. 

Natural de Itapetininga (SP), ela chegou a Presidente Venceslau há mais de três décadas e desde então Maria Isabel precisou ser forte por ela e pelos filhos. “Não tinha parentes por aqui. Vim porque meu marido veio para cá trabalhar, mas a gente chegou e ele arrumou outra mulher e me deixou com três filhos pequenos”, relata. 

Para ela, restou continuar trabalhando muito para criar os filhos. Foi em 2011 que ela novamente se deparou com mais uma barreira a ultrapassar. “Fui fazer um exame de rotina, como fazia sempre de seis em seis meses. Tudo deu normal, mas um exame acusou um caroço na mama”, conta. 

Daí até a cirurgia para a retirada da mama foram 20 dias. A recuperação transcorreu normal, mas a parte “pesada” começou depois, com as seis sessões de quimioterapias e 33 de radioterapia. “Perdi os cabelos, cílios, sobrancelhas. Engordei 17 quilos. Estava careca e gorda. Meu filho mais novo veio para casa cuidar de mim, ele brincava que eu estava parecida com o Tio Chico da Família Adams e eu começava a rir”,
 comenta também rindo. 

Apesar de tudo, ela se manteve positiva e sem revoltas. “Quando fiquei doente eu pensei: ‘E agora? O que Deus quer me mostrar?’. Mas com a ajuda dos meus filhos e muita fé superei tudo. Meu lema sempre foi lutar. Se eu tenho 1% de chance para viver, ele é meu e eu vou batalhar por ele”, diz.

 Reflexo

 Foi um ano de tratamento, depois seu cabelo voltou a crescer e ela começou a perder peso. Foi quando Maria Isabel começou a dar apoio a outras pessoas e iniciar a rede de solidariedade. “As pessoas comentavam que estavam surpresas em me ver tão bem, em como tudo tinha sido mais fácil para mim. Mas nunca foi fácil. É difícil, muito difícil, porém, não é impossível. O que muda é a forma de encarar aquilo”, enfatiza. 

Partindo do princípio de que a dor do próximo também é sua, ela decidiu ajudar outras mulheres. “O mínimo que eu posso fazer é tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas para que elas se sintam melhores. Assim, eu também me sinto mais leve”, pontua.

 Outro ponto que ela ressalta é que muitas vezes as pessoas só consideram a doença quando atinge pessoas próximas. “Existe preconceito, sim. Você vai a certos lugares e as pessoas te olham como coitados, achando que você vai morrer”, lamenta. 

Mesmo com as intempéries da vida, ela aprendeu que com carinho, bom humor, bate-papo e “comilança”, tudo pode melhorar. Gestos simples, mas que fazem a diferença. “Junto com as meninas, fazemos um bolo e vamos tomar um café com muita conversa. Fiz muitas amigas”, fala.

 Essa rede de solidariedade não tem nome ou formalidades. Em contra partida, tem muito esforço de ambas as partes e Maria Isabel serve de espelho para quem muitas vezes não consegue se enxergar no futuro.

 “Uma vez falaram: ‘Olha para mim, estou careca’. E eu falei: ‘Olha para mim, eu passei por isso e meu cabelo já está comprido’. Digo sempre que vai passar, que vai voltar a ser como antes”, se emociona. 

Outubro Rosa

 O mês de outubro é voltado para alertar as mulheres para a prevenção ao câncer de mama. Apesar de saber da importância do carinho durante o tratamento, Maria Isabel salienta a relevância da prevenção.

 “Toda mulher precisa visitar seu médico. Quando mais campanhas e informações, melhor para as mulheres se conscientizarem. É preciso fazer a mamografia, o exame do colo do útero. A medicina está muito avançada também”, afirma. 

Em entrevista ao iFronteirta, a militante em prol da luta contra o câncer de mama até deu risada quando foi informada que nasceu no mesmo mês da campanha. Maria Isabel é enfática ao dizer que seu mundo sempre foi mais que cor de rosa, sempre foi colorido e que aprendeu muito com sua doença.

 “Acho que tinha que passar por isso para amadurecer, sentir na pele o que o outro sente. Minha família também ficou mais unida, com mais reuniões. Largamos tudo para fazer viagens juntos. Não tem aquela coisa de ‘não posso’”, reflete. 
Adicionar legenda

Com essa vontade de viver intensamente, Maria Isabel tem em seus planos continuar com esse trabalho solidário que faz tão bem aos outros e a ela. “É um combustível para continuar vivendo ver que aquela pessoa que estava tão desanimada melhorou após uma simples conversa e que depois elas passam a ajudar aos outros também”, completa.

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