Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) reconheceu que o trecho está sem radares de monitoramento de velocidade dos veículos desde janeiro de 2021.
Por Leonardo Bosisio, g1 Presidente Prudente
Uma onça-pintada filhote, de aproximadamente nove meses, foi atropelada, na manhã deste domingo (23), no km 16 da Rodovia Arlindo Béttio (SP-613), próximo ao Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP).
Conforme o gestor da reserva florestal, Eriqui Inazaki, informou à TV Fronteira, o atropelamento foi registrado por volta das 8h e o animal teria sido recolhido pelos vigilantes do Parque com apoio da Polícia Ambiental.
Conforme a bióloga e pesquisadora científica Andréa Soares Pires disse ao g1, a onça era uma fêmea juvenil, com aproximadamente nove meses, e que ainda não havia sido “batizada” com um nome.
Ainda segundo Andréa, a filhote era filha de Nadi, uma das onças batizadas em novembro de 2022 após enquete da Fundação Florestal.
“Como a filhote foi registrada com uns dois meses junto com a Nadi, só pode ser filha dela. Só que quando ela é muito filhotinha, até uns seis meses, a mãe deixa escondida, ela não fica andando com o bichinho. Ela vai, caça e traz comida”, explicou a bióloga.
A população de onças-pintadas no Estado de São Paulo está “criticamente ameaçada”.
De acordo com a bióloga, no Parque Estadual há uma parte considerável de indivíduos viáveis. São 11 indivíduos identificados, contando com a fêmea jovem atropelada neste domingo.
“Quando perdemos um animal topo de cadeia alimentar, como a onça-pintada, toda a comunidade ecológica fica afetada, ocorrendo assim um desequilíbrio ecológico. Perder uma fêmea jovem, significa perder várias gerações futuras, acelerando a extinção da espécie”, ressaltou Andréa.
A Fundação Florestal (FF) confirmou, por meio de nota, o atropelamento da onça-pintada e lamentou o ocorrido.
“A instituição esclarece que a Unidade de Conservação possui 13 passagens subterrâneas, nos 14 quilômetros da via que atravessam a Unidade de Conservação possui 13 passagens subterrâneas instaladas pelo DER [Departamento de Estradas de Rodagem], nos 14 quilômetros da via que atravessam a Unidade, para permitir o deslocamento da fauna com segurança, e alambrados de 100 metros de cada lado em cada passagem subterrânea”.
A FF alegou ainda que o animal foi encontrado cerca de 200 metros após uma dessas passagens e afirmou que as onças-pintadas percorrem grandes extensões e não restringem seus deslocamentos apenas à área da unidade de conservação.
Velocidade na via
Quanto à sinalização do local, o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) esclareceu ao g1 que a rodovia tem a sinalização adequada e que já encaminhou novos estudos de viabilidade para implantação de radares e o edital deve ser publicado até o fim do semestre.
Os dispositivos eletrônicos foram removidos em janeiro de 2021, após o término do contrato com a empresa responsável pelos equipamentos, ainda segundo o DER-SP.
O departamento informou ainda que a fiscalização de velocidade segue sendo realizada pela Polícia Rodoviária, por meio de radares portáteis.
A pesquisadora reforçou a orientação dos motoristas manterem a velocidade de 70 km/h durante o tráfego na via e, ao avistar um animal, “diminuir ainda mais a velocidade e sinalizar aos demais motoristas”.
“Esse limite foi imposto através de estudos feitos ao longo de anos na rodovia, e a forma mais segura de avistar um animal e conseguir frear é estar nesse limite de velocidade, em especial a noite, os motoristas estarão seguros assim como a fauna”, finalizou Andréa ao g1.
Risco de extinção da Onça-pintada
A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino do continente americano. Tem até 1,90 metro de comprimento e 80 centímetros de altura. Os machos pesam cerca de 20% a mais do que as fêmeas, podendo chegar a 135 quilos.
A onça-pintada pode viver em vários tipos de hábitats, desde que uma parte da vegetação seja densa. É um animal solitário e territorial. Tem hábitos noturnos. Pode ocupar áreas de 22 km² a mais de 150 km² (dependendo da disponibilidade de presas). A espécie era encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Mas está oficialmente extinta nos Estados Unidos e já é uma raridade no México.
Na onça-pintada, ocorre também o fenômeno do melanismo, comum em outros felinos. A coloração amarela é substituída por uma pelagem preta. Dependendo da luz em que o animal se encontra, percebem-se as rosetas. O animal na forma melânica é chamado de onça-preta.
As populações vêm diminuindo devido ao confronto com atividades humanas, como a pecuária. A espécie é classificada pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e pelo Ibama como vulnerável e está no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Cites).
Ou seja, o risco de extinção está associado ao comércio e sua comercialização só é permitida em casos excepcionais, mediante autorização expressa.
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