segunda-feira, 26 de junho de 2017

AGUINALDO ADELINO CARVALHO aborta o tema "A indisposição de ser no mundo" o fato ocorrido com o autor Fábio Assunção o que está por detrás desses acontecimentos?


Passando pelos sites de jornalísticos deparei com uma notícia do jornal O Globo, que me chamou atenção pela repercussão que este fato produziu entre os internautas. 'Não fiz uso de nenhuma droga ilícita', diz Fábio Assunção após ser detido. Na matéria há a reprodução do pedido de desculpas que o ator faz através do Instagran, pelo fato ocorrido em Arcoverde PE, no dia 24/06/2017. 

A partir da leitura dos textos que relatam o acontecido, pus-me a pensar sobre como existe uma grande incomodação nas relações sociais na nossa sociedade. Não quero me ater ao fato específico, pois já existe bastante gente, (algumas bem gabaritadas para o tal) produzindo seus vereditos de culpa ou absolvição da celebridade envolvida. 

Podemos perceber que as pessoas estão numa busca da felicidade, mas esta é apenas acontecimento efêmero, fugaz e passageiro. Ocorre a cada dia o crescimento da indústria do entretenimento e o acesso a estes bens de consumo é gradativamente universalizado. Entretanto, o que é entregue ao sujeito é as diversas formas de infelicidade. Então poderíamos entender que estamos diante de um grande paradoxo. Encomendamos a felicidade, e a vida nos entrega o infortúnio. 

Talvez isso aconteça porque existem instâncias que nos prende e ameaça. A dor e angústia que nosso corpo (biológico e emocional) constantemente nos avisa que a vida é breve, e a morte sempre está a espreitar em busca de sua colheita. A realidade social a nossa volta que sempre de alguma forma nos ataca de maneira intensa e destruidora, deixando a sensação de total impotência diante de situações estremadas. E ainda, o dissabor que as relações vinculares trazem ao baile da vida, uma dança muitas vezes dolorosa (tristeza de amar e não ser correspondido ou a dor de separar-se de quem se ama). 

Assim, a procura da alegria acaba por modificar-se, somente, em um empenho para impedir a infelicidade: buscar o afastamento para impedir os tumultos com os iguais, arriscar proteger-se das intempéries da natureza, buscando atuar sobre a própria natureza, e, por último, agir sobre o próprio corpo, quando ele próprio faz parte dessa natureza. 

Muitas das fontes de problemas que ocorrem com as pessoas são construídas pelas próprias pessoas, através das escolhas que atravessam a vida de maneira transversal, numa interdisciplinaridade de vivências plurais. 

As constantes tensões econômicas, o desemprego, as alterações no modo de trabalho, os combates e revoluções trazidos a nossa frente pela tela dos celulares, as ideologias que se desmoronam, as mutações nas relações e arcabouços familiares, a liberdade sexual, a fragmentação das figuras paternas e de comando, a ampliação do universo virtual limitando o homem a uma existência cada vez mais solitária, o uso abusivo das drogas, a selvageria no trânsito urbano, a adversidade crescente, enfim, o ser humano conquista o livre-arbítrio para tornar-se autor de seu próprio destino, livre do peso das tradições e poderes despóticos. 

Ele tem a liberdade de escrever a própria história. Nada obstante essa liberdade, se por um lado avaliza a probabilidade de constituição de uma vida autônoma, também causa incerteza e abandono. Confrontado com a sua aptidão para vencer na vida, todo insucesso impele o homem em um denso anseio de incompetência. A liberdade de pensamento não desonera o homem de sua responsabilidade da construção de uma existência produtora de uma serenidade nas trocas interpessoais e também na compreensão de sua essência intrapessoal. 

Na luta para conseguir a sua realização pessoal, o conflito gerado pela própria insuficiência e a culpa pelo não-sucesso se traduzem em um discurso de auto-recriminação (ponto nevrálgico de uma circunstância depressiva). 

Fino leitor deste texto deixo aqui minha pergunta para por em movimento o seu pensamento. Qual o sentido da vida, neste mundo cheio de contradições?

AGUINALDO ADELINO CARVALHO

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