quarta-feira, 5 de julho de 2017

A luta no luto

Aguinaldo Carvalho fala sobre um tema difícil, como lidar com o luto em seus vários aspectos.

É a vida! É bonita e é bonita! É uma frase de uma célebre letra de música do Gonzaguinha, grande nome da música popular brasileira. Realmente a vida é uma experiência fascinante, que a cada manhã recebemos como um presente a ser desfrutada e sentida. E assim passamos os nossos dias nesta situação, vivenciando todas as possiblidades possíveis que a vida põe a nossa frente para conhecermos. 

Vida é o que acontece entre dois momentos muito distintos que cada indivíduo passa: o nascimento e a morte. 

A intenção deste texto é pensar um pouco sobre a fatídica certeza que nos acompanha desde a tenra idade, quando começamos a desenvolver a nossa consciência e com ela a fidúcia do fim da vida, que a cada segundo se aproxima, mas cada um a seu modo tenta se distanciar desta ignota ocorrência.

Não falaremos abaixo sobre a ótica daquele que morreu, pois os sistemas religiosos, cada um a seu modo propõe uma solução para o depois da morte. Porém vamos fazer uma reflexão sobre como lidar com a extenuação do outro e o processo que se instaura, o luto. 

O luto é o sentido de prejuízo de algo apreciado, que se foi. O luto incide nos momentos em que o indivíduo passa na elaboração desta emoção, que tem um momento determinado, mesmo que variável em cada um. Esta situação é a revelação exterior de que alguma coisa carece ser feita em relação a quem se foi. 

Vemos esta manifestação no recôndito das famílias ou, nas mortes de celebridades altamente exploradas pela mídia, pois ocorre um luto coletivo numa manifestação do inconsciente grupal que necessita por para fora a sua angústia pela imposição castradora da morte. 

O conceito de luto não se restringe somente à morte, mas também ao enfrentamento dos contínuos prejuízos reais e figurados durante o desenvolvimento do homem. Desta maneira, pode ser sentido por meio de danos que transcorrem pela dimensão corporal e psíquica, como os gomos de uma corrente de significância de aspectos subjetivos, profissionais, sociais e domésticos da pessoa. A simples ação de desenvolver, como no caso de um garoto que vira adolescente, vem com uma dolorida renúncia da carcaça pueril e suas acepções, igualmente, o decaimento das funções orgânicas impostas p elo envelhecimento. A competência do ser, desde a infância, se harmonizar com as novas coisas causadas perante as perdas servirão como exemplo, arranjando com isso, um repertório, reativado em acontecimentos subsequentes. 

O luto é uma ação necessária e essencial para completar o vazio largado por alguma perda expressiva, não somente de alguém, mas também de algumas coisas importantes, tais como: objeto, viagem, emprego, ideia, etc. 

A superação do luto é alcançada pouco a pouco e com enorme utilização de força. O desligamento com o outro, que não está mais presente se dá através da evocação de cada memória respectiva do viver experimentado na comunidade em espécies de rituais diários. 

Elisabeth Kübler-Ross, foi uma psiquiatra que nasceu na Suíça, escreveu um livro On Death and Dying, (Sobre a Morte e o Morrer) a qual apresenta as cinco fases do luto. Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 

1) Negação Seria um amparo emocional que faz com que a pessoa termine recusando a dificuldade em que está. Tenta arrumar certa disposição de não adentrar em contato com o fato, seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É comum o indivíduo também não desejar conversar sobre o assunto. 

2) Raiva Nesta etapa a pessoa se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não concorda em passar por isso. 

3) Barganha Fase que o indivíduo principia a negociação, começando com si mesmo, termina querendo dizer que será uma pessoa melhor, se sair daquela circunstância, faz promessas a Deus. 

4) Depressão Já nessa fase a pessoa sai para seu mundo interno, se enclausurando, abatida e experimentando impotência perante a ocasião. 

5) Aceitação 

É o estágio em que o indivíduo não tem desesperança e consegue avistar a coisa como realmente é, permanecendo pronto para encarar a perda ou a morte. 

É salutar clarificar que não há uma sequência dos estágios de luto, mas é comum que as pessoas que passam por esse processo exibam pelo menos dois desses estágios. E não essencialmente as pessoas conseguem passar por este processo todo, algumas permanecem estancadas em uma das fases. 

As pessoas próximas ao enlutado deve entender que a pessoa está sofrendo e precisa de ajuda e compreensão. Talvez até um auxílio de um profissional. A resolução do luto dependerá da vivência de sentimentos e pensamentos que o indivíduo evitava. Quem está próximo deve permitir ao indivíduo o vivenciamento do luto. 


ESCRITO POR AGUINALDO CARVALHO PARA O PANORAMA NOTICIA 

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