segunda-feira, 14 de agosto de 2017

AGUINALDO CARVALHO FALA SOBRE O "DIA DOS PAIS"


Nem todos os homens são pais, mas todos os homens têm um genitor. É interessante que não temos um pai, mas sim vários pais construídos em momentos diversos que totalizam a essência que construímos em nosso imaginário, da figura de um pai. 

 A relação entre pais e filhos é de grande ambivalência devido à multiplicidade de afetos envolvidos na construção da paternidade. É uma mistura de afeições, muitas vezes contraditórias que nos embebecem numa profusão de sentimentos moldando-nos à experiência intersubjetiva. 

Se buscarmos uma narrativa na Grécia Clássica, teremos a história do parricida Édipo, que devido a uma discussão banal mata sem saber o próprio pai, que na infância o abandonara. Essa história é a mola propulsora de parte considerável da Teoria Psicanalítica – O Complexo de Édipo (etapa do desenvolvimento psicossexual do menino, que se distingue quando ele principia a sentir um agudo fascínio pela figura materna e se rivaliza com a figura paterna). 

Por outro lado, olhando a cultura judaico-cristã temos a história contada por Jesus do Filho Pródigo, que desejava a morte do pai para pegar a sua herança, e depois de certo tempo recebe a absolvição do pai por este ato nefasto. Ficando manifesta a ideia de perdão tão presente na boa paternidade. Os homens que constroem um caráter de forte dignidade, o exercem na relação com os filhos. 

Uso estes exemplos presentes em nossa cultura, pois fazem parte do inconsciente coletivo, marcado pela luta entre pais e filhos. Todavia, essa luta é de suma importância para forjar o modo existencial de cada filho, porque no relacionamento entre pai e filho se arquiteta a moldura, que se encaixará a psicodinâmica das instâncias do ser interior. 

 A relação entre esses dois elementos (pai e filho) através da vivência unitária, produz o ser da dicotomia parental. Neste modo de viver, dois seres emergem em grande medida à maneira de objetivação e subjetivação inerente à condição do homem biopsicossocial. 

Pai, como é importante sua vida na biografia de cada filho! Pai é alguém que está para ser um dos primeiros a possibilitar o exercício de alteridade. Indivíduo com a possibilidade de nutrir afetivamente o filho, logicamente que esta concepção está coerente para aqueles que vestem a indumentária do pai suficientemente bom, daquele que olha a sua prole com ternura e carinho. 

Para o filho que tem a alegria de ter um pai significativamente positivo, mesmo que seja na sua memória, conseguirá ter a construção de uma vivência com a possibilidade da transmissão das características boas do ser humano, pois o indivíduo é em grande parte a soma de suas influências sociais, que o formata com o jeito peculiar que cada um carrega em sua vida. 

 AGUINALDO ADELINO CARVALHO

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