segunda-feira, 11 de setembro de 2017
AGUINALDO CARVALHO fala sobre um assunto delicado o "Suicídio" com o tema "Falar é a melhor solução, sua vida vale ouro"
O setembro Amarelo é uma campanha de chamada à consciência sobre os modos de prevenção do suicídio, com a finalidade direta de alertar as pessoas a respeito dos fatos sobre o fenômeno do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de precauções. Acontece no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e larga exposição de conhecimentos sobre o tema.
Para ter uma ideia, o câncer, a AIDS e demais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) há 20 ou 30 anos atrás, eram cercadas de preconceitos e viam o número de suas vítimas aumentando consideravelmente. Foi imprescindível o empenho coletivo, inspirado por pessoas audaciosas e organizações engajadas, para invalidar os tabus envoltos no imaginário popular, raciocinando cientificamente sobre o tema, explicando, conscientizando e instigando a prevenção para mudar o panorama tão avassalador.
Uma dificuldade de saúde pública que vive ultimamente a condição do tabu e do acréscimo de suas vítimas é o suicídio. Pelos números oficiais, são 33 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Tem sido um mal taciturno e calado, pois as pessoas evitam o tema e, por receio ou desconhecimento, não veem os sinais de que um indivíduo próximo está com ideação suicida.
A perspectiva é o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, diz que 9 em cada 10 casos poderiam ser precavidos. É imperativo a pessoa procurar apoio e zelo de quem está por perto.
Instaura-se um dilema, pois se é possível um nível tão alto de prevenção, por que ele de fato não acontece? Como procurar ajuda se nem a pessoa em risco compreende que pode ser amparada e o que sente naquela ocasião é mais corriqueiro que o divulgado? Ao mesmo momento, como é plausível apresentar auxílio a um amigo ou parente se também não conseguimos reconhecer os sinais e muito menos temos intimidade com a abordagem mais apropriada?
Então vamos falar sobre!
Não como o tema aparece na grande mídia, que comenta somente quando o suicídio acontece com alguma celebridade, de uma maneira espetaculosa e sem mostrar as possíveis saídas para quem sofre com a ideação suicida ou aquele que perdeu uma pessoa querida através desta situação.
Geralmente os profissionais da saúde estão preparados para lidar com esta situação, porém é no cotidiano que as pessoas podem perceber alguém como um possível candidato ao suicídio. Devemos prestar a atenção àqueles que apresentam uma grande desesperança para com à vida, travando uma conversa franca e encorajadora, mas sem o olhar inquisidor e punitivo de julgamento social. Ou seja, promover o acolhimento, e se preciso for encaminhar para ajuda especializada.
Uma regra geral para a proteção contra o suicídio é que os vínculos são fatores protetores contra o suicídio. Uma boa estrutura familiar (vínculos familiares promovem a proteção) através do apego parental que um sujeito mantém com os outros indivíduos da constelação familiar. O bom vínculo com um trabalho que promove a saúde emocional, e não sendo um instrumento de deterioração da saúde geral. Uma boa rede social de relacionamentos saudáveis.
O contrário do exposto no parágrafo anterior se aplica também para a ampliação do problema. A falta de vínculos saudáveis poderá ser um fator disparador para a tentativa de suicídio. A solidão, o desemprego e a fragilidade de vinculação social e se ainda for associado a outros problemas (dependência química, doença psiquiatra ou estado de saúde precário) poderá potencializar o sujeito para uma visão que a única solução de acabar com sua dor é retirar a própria vida.
O importante é saber que apesar desse quadro triste, suicídio tem prevenção, e o primeiro e mais importante meio não exige nenhuma especialidade para o tal, ser psiquiatra ou psicólogo, é simplesmente escutar a pessoa. Muito mais que ouvir conselhos ou regras o sujeito com ideação suicida precisa ter um espaço livre para a sua comunicação, deixa-lo falar sobre o sofrimento, se assim for o seu desejo.
Devemos deixar de lado a tentativa de distraí-lo da angústia ou calar a sua dor, e mostrar uma compreensão emocional para com o sofrimento do sujeito. E se nesta comunicação ficar claro que o risco de suicídio é real, deve-se comunicar pessoas ligadas a ele sobre a situação. Não pense “é frescura”, “quem quer se matar não fica falando” ou ainda “está querendo chamar a atenção”. Leve-o se possível a buscar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra, pois estas especialidades estão preparadas para lidar com esse problema de saúde, pois se fosse alguém com uma fratura exposta com certeza ninguém vacilaria em procurar um ortopedista. Por que com a saúde mental hesitamos tanto?
AGUINALDO CARVALHO
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