terça-feira, 1 de abril de 2014

'Tudo leva a crer que foi retaliação', afirma comando da Polícia Militar

PM afirma que atentados contra agentes podem ter ligações com facção. Reunião em ginásio de Álvares Machado seria uma 'convocação'.
Coronel Leopoldo Júnior comentou atentados a
policiais (Foto: Vinícius Pacheco/G1)

  “Tudo leva a crer que se trata de uma retaliação”. Foi o que o comando do Polícia Militar do 18º Batalhaão de Policiamento Militar do Interior (BPM/I), por meio do coronel Francisco Batista Leopoldo Júnior, afirmou em entrevista ao G1 nesta segunda-feira (31), com relação aos atentados contra a base da PM em Álvares Machado e contra um policial em Presidente Prudente, ocorridos após a operação que prendeu 37 pessoas em um ginásio de esportes no Parque dos Pinheiros, também em Machado.

“Apesar de aguardarmos as investigações da Polícia Civil, é bem provável que isso tenha sido uma represália, até mesmo pelo curto espaço de tempo. Ainda não foi criada uma hierarquia de facções na cidade, porém eles estavam tentando se organizar para formar uma "célula" aqui na região”, declara.

 Conforme o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia de Álvares Machado, a ação do último sábado (29) foi averiguar uma espécie de palestra para a convocação de novos membros para a facção que age dentro e fora dos presídios paulistas, e contava com 13 menores de idade, com o objetivo de usá-los nas ações criminosas.

Por meio de três denúncias anônimas, os policiais tiveram conhecimento da reunião relacionada ao crime e possíveis ataques. Viaturas foram enviadas ao ginásio de esportes, “sem alardes”, para averiguação. Os veículos pararam a duas quadras do ponto indicado, onde os agentes desceram e seguiram a pé. “No início, apenas oito policiais foram destinados ao ponto indicado pelos telefonemas, mesmo porque não era imaginado, até então, se tratar de um caso tão complicado”, diz Leopoldo Júnior.

Em frente ao ginásio, foram identificados dois homens parados, que faziam a guarda do local. Um deles era menor de idade. Os policiais detiveram a dupla, que afirmou “só estar cuidando do local”.
Eles continuaram com a operação e, em silêncio, passaram a escutar o que era dito dentro do local.

 Conforme o registro policial, os agentes ouviram que “uma pessoa com voz exaltada tinha a palavra”, enquanto outros homens apenas escutavam ou argumentavam. Entre as declarações, os participantes diziam que “os vermes estão tomando tudo”, referindo-se aos policiais.

O “palestrante” afirmava que as “bocas”, locais onde ocorre a venda de drogas, deveriam ser dominadas e que “acaso um polícia derruba um de nóis (sic), é dois deles que tem que ir para o saco. A ordem é essa, a cada um de nóis, dois deles”. As declarações eram seguidas de comemorações dos participantes. Na reunião, também ficou explícito o desejo de incluir adolescentes nas ações. “Usa os moleque (sic) que não dá rolo”, falava o rapaz que estava à frente do encontro.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, o grupo pretendia usar o período da Páscoa, quando ocorrem saídas temporárias de presos, para a realização de diversas ações. “Já passo da hora de nóis volta com tudo (sic)”, teria dito o “chefe” durante o encontro.

Após ouvirem as falas, os policiais abriram as portas de ferro do ginásio e avistaram o organizador da palestra, que já tinha passagens anteriores por furto e outros crimes. “O rapaz assumiu que juntou a 'família' para 'trocar uma ideia' com os 'irmãos' “, diz Leopoldo Júnior. 

Na sequência, todos que estavam no local foram detidos, tanto maiores quanto menores de idade, que compunham o público na arquibancada. “Não houve tempo de fuga”, conforme o registro policial. Os agentes afirmaram que no ginásio “não tinha bola, bebida, churrasco, rede, qualquer material esportivo ou de recreação”, apenas os homens com "manifestações contra o Estado", conforme descreve o registro. 

“Diante da situação, precisamos acionar mais agentes e contamos com uma ação em conjunto com a Polícia Civil, que realizou não só a formalização da ocorrência, como também identificou por meio de fotos todos os detidos”, afirma o coronel da PM.

 Quando questionados sobre o motivo de estarem ali, os participantes afirmavam que só se posicionariam na frente de um juiz. Um ônibus precisou ser deslocado até o Parque dos Pinheiros para transportar os 50 detidos, permanecendo 37 presos. 

Intensificar as ações 

Leopoldo Júnior também relata que as ações serão intensificadas em Álvares Machado. “Faremos um ação de policiamento ostensivo pelo Parque dos Pinheiros, de forma a manter a segurança no local. Porém todo este trabalho evidencia uma resposta rápida da polícia no combate ao crime”, relata. 

O coronel afirma que ainda não havia nenhum registro de formações de grupos ligados a esta facção na região de abrangência do 18º Batalhão.

Do G1

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