sábado, 9 de maio de 2015

Inédito: Prudente realiza a primeira retirada de pulmão para transplante

Procedimento médico, realizado na manhã desta quinta-feira (7), no Hospital Regional (HR), nunca havia sido feito no Oeste Paulista

O Hospital Regional (HR) de Presidente Prudente realizou na manhã desta quinta-feira (7) a primeira captação de pulmão realizado no Oeste Paulista para doação e transplante. Além dos pulmões, foram doados os rins, fígado, córneas e ossos da doadora, de 43 anos. 

Equipes médicas do Instituto do Coração (Incor) – responsável pela captação dos pulmões – e do Hospital Albert Einstein – responsável pela captação do fígado - chegaram a Presidente Prudente por volta das 9h em um voo fretado da capital. Além das equipes de São Paulo, o procedimento também teve a participação de equipes da Santa Casa de Presidente Prudente – captação de rins e córneas – e da Organização de Procura de Órgão (OPA) de Marília (SP) – captação de ossos. 

O procedimento de retirada dos órgãos teve início por volta das 10h30. Segundo o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes do Hospital regional, Renato Mazzaro Ferrari, o procedimento de captação de pulmão é inédito no Oeste Paulista. 

“Hoje [7] a gente está realizando a primeira captação de pulmão para transplante do Oeste Paulista. Tudo é totalmente sincronizado, porque temos um tempo de retirada dos órgãos e uma sequência lógica porque alguns deles são mais sensíveis do que outros. Tudo é criteriosamente avaliado e cronometrado para que não se tenha nenhuma perca”, explicou Ferrari a reportagem. “Com esse gesto pode-se salvar até oito pessoas, retirá-las da fila de transplante e proporcionar uma melhora significativa na qualidade de vida”, explicou Ferrari 

Os procedimentos de retirada do pulmão e do fígado foram encerrados por volta das 13h. Logo após, os órgãos foram levados ao Aeroporto Estadual de Presidente Prudente, onde um jato fretado aguardava as equipes. 

De acordo com o cirurgião de transplante pulmonar do Incor, Marcos Samano, o procedimento realizado em Presidente Prudente ocorreu sem transtornos. “O procedimento foi bem tranquilo. Nós viemos com bastante antecedência de São Paulo, toda equipe estava já bastante habituada ao procedimento. A equipe do hospital também estava bastante preparada, com tudo adequado. Agora temos que fazer o transporte. São algumas horas de isquemia, em que o órgão vai estar fora do corpo. Quando menos ele fique fora, melhor é o resultado do transplante. É importante que a gente faça agora com bastante rapidez”, explicou Samano a reportagem, momentos antes de embarcar no avião.

De acordo com informações da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes do Hospital Regional, os custos originados no procedimento são pagos pelo Sistema Nacional de Transplantes, do governo federal. 

Receptor

Devido ao tempo de isquemia - que é quanto o órgão suporta sem fluxo sanguíneo -, a retirada, transporte e transplante devem ser realizados o mais rápido possível. O coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes do Hospital Regional, Renato Mazzaro Ferrari, explicou ao repórter  que os receptores são preparados até mesmo durante o procedimento de transporte dos órgãos. 

“Alguns órgãos necessitam de que o receptor já esteja sendo aberto para receber o órgão, enquanto é realizado o transporte, por causa do tempo de isquemia. Então, quando o avião decola aqui, o paciente já tem o corpo aberto para a retirada do órgão doente e a colocação do sadio”, pontuou Ferrari ao site

Família

O trabalho com a família que aceita realizar a doação de órgãos é fundamental para o sucesso e transparência no procedimento e também para possibilitar o crescimento de doadores no Brasil. No caso específico de Presidente Prudente, esses trabalhos foram realizados pelas enfermeiras que compõem a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes do Hospital Regional. 

“Primeiramente, participamos dos exames para que tenha-se um diagnóstico seguro . Depois a gente participa da abordagem familiar, que é exclusivamente feito por nós. Não é um trabalho muito fácil porque pensamos muito no lado da família de quem está doando. É um gesto muito bonito deles. São pessoas de um coração maravilhoso, que pensam muito no próximo e, mesmo com a dor da perda, eles souberam ajudar”, destacou a enfermeira da UTI do HR e integrante da comissão,  disse Janaine Ferrari dos Santos Souza. 

“Nós atuamos junto às famílias que finalizaram o protocolo de pacientes que foram declarados com morte encefálica. Esse diagnóstico é feito através de vários testes clínicos e complementares. Finalizado o protocolo, nós chamamos a família, comunicamos o estado de óbito e solicitamos tomadas de decisões em relação à doação ou ao desligamento dos equipamentos. Se optar por doação, temos um procedimento longo para cumprir e verificar quais os órgãos do paciente poderão ser doados. Durante todo o processo, inclusive de retirada dos órgãos, informamos a família do que está acontecendo a todo momento”, explicou Elaine Regina de Souza, também enfermeira e integrante da comissão, ao site. 

Os demais dados da doadora foram preservados pelo hospital. Ao todo, cerca de 30 profissionais participam do procedimento, com previsão total de duração de cerca de 8h.


DO  IFRONTEIRA





























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